Zona de Sacrifício: do Ouro ao Pó
Sobre a Exposição
A exposição Zonas de Sacrifício: Do Ouro ao Pó nasce do incômodo e da indignação — da memória viva de um país historicamente saqueado, contaminado e violentado pela mineração. É uma travessia visual por três feridas abertas: Mariana, Brumadinho e o Vale do Jequitinhonha. Um retrato das consequências de um sistema que insiste em matar a terra para sustentar a ilusão de progresso.
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No dia 5 de novembro completam-se 10 anos do maior crime socioambiental da história do Brasil — e o segundo maior do mundo, atrás apenas de Chernobyl. O rompimento da barragem de Fundão, da BHP e Vale, em Mariana (2015), despejou mais de 40 milhões de m³ de lama tóxica, matou 20 pessoas e enterrou o Rio Doce, uma das mais importantes bacias hidrográficas do país.
Três anos depois, em Brumadinho, mais de 272 pessoas perderam a vida, arrastadas por 12 milhões de m³ de rejeitos do rompimento da barragem da Vale. A maior tragédia ambiental em número de vítimas de trabalho ainda aguarda justiça.
O que parecia exceção virou regra: em 2025, 43 barragens estão em situação de alerta em Minas Gerais, sendo 15 em risco crítico, ameaçando diretamente mais de 95 mil pessoas. É um modelo de desenvolvimento que transforma o trauma em método — um terrorismo de barragens institucionalizado, que expulsa comunidades de suas terras e as condena a viver cercadas pelo medo, pela contaminação e pelo abandono.
Agora, a nova fronteira do extrativismo se desloca para o Vale do Jequitinhonha, uma das regiões com menor IDH do Brasil. Sob o discurso do “progresso verde”, empresas como a Sigma avançam o chamado “Vale do Lítio”: uma corrida pelo “ouro branco”, com investimentos bilionários para alimentar a demanda global por baterias e carros elétricos.
A promessa de um futuro sustentável se converte, assim, em mais uma corrida mineral — com os mesmos métodos, as mesmas feridas e as mesmas injustiças.
Esta série fotográfica nasce da urgência de afirmar ao mundo que a transição energética dita “limpa” não pode repetir os erros do passado, nem aprofundar o ciclo de injustiças em curso. São documentos visuais de uma luta que não pertence apenas à documentarista, mas a todos aqueles que acreditam que construir outro mundo é urgente. O futuro não pode continuar sendo erguido sobre os escombros das zonas de sacrifício do Sul Global.
Que o mundo veja. Que o mundo sinta. Que o mundo escute.
A memória dos crimes da mineração no Brasil não pode ser soterrada.
Adiar o fim do mundo é também lembrar, resistir e transformar.
Isis Medeiros
Sobre o Realizador – Instituto Camila e Luiz Taliberti
O Instituto Camila e Luiz Taliberti é uma organização sem fins lucrativos que atua na promoção da justiça social, dos direitos humanos e da proteção ambiental por meio de ações culturais, educativas e de mobilização. Fundado em memória de Camila e Luiz Taliberti, vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), o Instituto tem desenvolvido projetos que articulam arte, cultura, memória e engajamento social como ferramentas poderosas para sensibilizar e engajar diversos públicos na busca por diálogos construtivos e práticas mais seguras, responsáveis e sustentáveis.
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Com experiência na realização de exposições, mostras de cinema e eventos culturais em diversas regiões do país, o Instituto reúne competências nas áreas de curadoria, produção, articulação comunitária e comunicação. Suas iniciativas têm como foco temas urgentes como os impactos da mineração, a crise climática, a justiça ambiental e os direitos das pessoas em situação de vulnerabilidade.
Para o Instituto, a proteção à vida e a preservação do meio ambiente são direitos fundamentais para garantir que haja futuro para os seres vivos e o desenvolvimento de negócios duradouros e éticos.
A realização da exposição da fotojornalista Isis Medeiros no Museu de Arte de Belém reafirma o compromisso do Instituto em dar visibilidade a narrativas silenciadas, promover o direito à memória e fortalecer a arte como instrumento de denúncia, escuta e transformação social.
Imagens
1. 2016/04/11 12:56:38, Catas Altas, Minas Gerais
2. 2016/04/12 16:56:06, Paracatu de Baixo, Mariana, Minas Gerais
3. 2016/04/13 12:58:37, Barra Longa, Minas Gerais
4. 2016/04/09 07:00:27, Subdistrito de Monsenhor Horta, Minas Gerais
5. 2016/11/05 12:04:02, Bento Rodrigues, Mariana, Minas Gerais
6. 2016/11/05 12:04:41, Bento Rodrigues, Mariana, Minas Gerais
7. 2021/02/26 17:58:28, Regência, Espírito Santo
8. 2021/02/26 18:17:09, Regência, Espírito Santo
9. 2021/02/23 18:04:43 , São Mateus, Espírito Santo
10. 2021/02/23 17:33:14, São Mateus, Espírito Santo
11. 2019/02/12 08:47:48, Córrego do Feijão, Brumadinho , Minas Gerais
12. 2019/02/16 15:24:20, Parque da Cachoeira – Brumadinho, Minas Gerais
13. 2019/02/12 08:16:30, Córrego do Feijão – Brumadinho, Minas Gerais
14. 2019/01/26 16:21:13, Córrego do Feijão, Brumadinho, Minas Gerais
15. 2020/09/02 19:25:29, Brumadinho, Minas Gerais
16. 2019/02/25 14:38:19, Parque da Cachoeira – Brumadinho, Minas Gerais
17. 2019/07/25 12:07:37, Rio Paraopeba – Brumadinho, Minas Gerais
18. 2020/02/11 14:19:13, Aldeia Pataxó Naô Xohã – São Joaquim de Bicas, Minas Gerais
19. 2025/08/23 12:37:09, Araçuai – Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais
20. 2025/04/12 17:06:48, Itinga – Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais
21. 2025/02/10 13:24:17, Sigma Lithium Itinga – Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais
22. 2025/08/21 10:37:25, Piauí Poço Dantas Itinga – Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais
Visite a exposição
Local: PRI in Person 2025, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo (SP)
Data: 4 a 6 de novembro
Ficha técnica
Artista: Isis Medeiros
Curadoria e tratamento de imagem: Carol Lopes
Equipe Instituto Camila e Luiz Taliberti:
Presidente: Helena Taliberti
Diretor Administrativo: Vagner Diniz
Coordenadora de Projetos: Marina Kilikian
Coordenadora de Comunicação: Daniela Bernardi
Agência de Comunicação: KIO
Mediadoras: Bruna Mustafe Schneck Ferreira and Kalindi Devi Dasi Lopes
Design: Paulina Olguín


