O Brasil se destaca globalmente por ser um dos países com a maior biodiversidade do planeta.

Suas vastas terras abrigam uma rica variedade de fauna e flora, representando cerca de 20% das espécies conhecidas no mundo. Seus seis biomas — Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Pampa e Mata Atlântica — são tesouros naturais que têm funções essenciais na regulação do clima, na purificação da água e na produção de alimentos.

A Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, é reconhecida por sua biodiversidade incomparável. No entanto, a Mata Atlântica também é uma das florestas mais biodiversas do planeta. Ela abriga milhares de espécies, algumas ainda desconhecidas, e é o lar de aproximadamente 850 espécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes. 

No entanto, enquanto este rico patrimônio natural é um orgulho para o Brasil e para o mundo, ele enfrenta desafios como o desmatamento e a fragmentação de habitats.Em plena expansão urbana e com a pressão da mineração, da agricultura intensiva e do aquecimento global, a preservação da fauna brasileira se tornou uma urgência. 

No coração dessa luta está a necessidade de proteger não só os animais, mas os próprios ecossistemas que sustentam a vida. É a partir dessa conscientização que ações estratégicas de restauração e conservação da fauna e flora se tornam fundamentais para a manutenção do equilíbrio do nosso planeta.

Atualmente, mais de 500 espécies de animais e plantas brasileiras estão classificadas como criticamente em perigo de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). 

Entre essas, destacam-se o maçarico-esquimó, o bagrinho-de-caverna e o sapinho-admirável-de-barriga-vermelha, exemplos de como a ação humana, aliada à destruição de habitats, ameaça a sobrevivência desses animais

Cada espécie tem seu papel insubstituível, desde a polinização de culturas agrícolas até o controle de pragas naturais. Sem elas, os ciclos naturais que sustentam a vida seriam quebrados, afetando a saúde ambiental e a própria sobrevivência humana.

Neste artigo, abordaremos como a biodiversidade brasileira está intrinsecamente ligada à manutenção da cadeia alimentar e a interdependência dos ecossistemas.

Falaremos também sobre como práticas destrutivas como a mineração e o desmatamento aceleram a extinção de espécies e desequilibram ecossistemas inteiros. 

Por fim, discutiremos as ações necessárias para preservar nossa fauna, explorando soluções de conservação que, se aplicadas de forma eficaz, podem garantir um futuro sustentável.

Dados atualizados da biodiversidade brasileira

O Brasil é um dos países mais biodiversos do planeta, mas ainda há muito a descobrir e catalogar. 

O Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), criado pelo governo federal, é uma plataforma que reúne dados de diferentes fontes — coleções científicas, projetos de pesquisa, registros de ciência cidadã e outras iniciativas. 

Só em 2022, mais de 22,5 milhões de registros foram catalogados, oferecendo um panorama amplo, embora ainda incompleto, da distribuição e abundância de espécies em todo o país. Essa base é essencial para orientar políticas públicas de conservação, identificar lacunas no conhecimento e apoiar o planejamento de ações que protejam a biodiversidade.

Apesar da riqueza, a situação da vida selvagem brasileira é preocupante. O Relatório Planeta Vivo 2024, publicado pelo WWF, indica que as populações de espécies monitoradas sofreram uma queda média de 73% nos últimos 50 anos. 

Ecossistemas de água doce foram os mais afetados, com perdas de até 85%, seguidos por áreas terrestres (-69%) e marinhas (-56%). A América Latina e o Caribe registraram declínios ainda mais acentuados, com algumas populações caindo até 95%.

 Além disso, o Cerrado, um dos biomas mais importantes para a água no Brasil, também enfrenta sérios desafios. Ele é responsável por ser a nascente de diversos rios que abastecem importantes bacias hidrográficas e essencial nos ciclos de água, afetando a disponibilidade e qualidade dos recursos hídricos no país. 

Esses números não apenas revelam a vulnerabilidade das espécies, mas também sinalizam riscos crescentes para os serviços ecossistêmicos dos quais todos dependemos, como água limpa, alimentos e regulação climática.

O monitoramento e a coleta de dados são, portanto, passos fundamentais para enfrentar a crise da biodiversidade. Conhecer onde as espécies estão, entender suas ameaças e medir seu declínio permite priorizar ações e direcionar recursos para a preservação efetiva.

 Para o Brasil, isso representa não apenas um compromisso ambiental, mas também uma responsabilidade social e econômica, pois ecossistemas equilibrados sustentam a vida humana, protegem culturas tradicionais e oferecem soluções baseadas na natureza para desafios como a crise climática.

Biomas e fauna nativa: riqueza e diversidade em cada canto do Brasil

O Brasil é um país de dimensões continentais e, com isso, abriga uma diversidade única de biomas. Entender os biomas brasileiros é essencial para compreender a complexa teia de interdependências que mantém a vida no país e como cada ecossistema contribui para a saúde ambiental global.

Amazônia

A Floresta Amazônica cobre quase metade do território nacional e representa a maior floresta tropical do mundo. Com cerca de 13 mil espécies vegetais registradas e milhares de animais — incluindo 311 mamíferos, 1.000 aves, 163 anfíbios, 550 répteis e 3.000 espécies de peixes — a Amazônia é um laboratório da biodiversidade.

 Ela também abriga 20% da água doce disponível no planeta e vastas reservas minerais. A riqueza biológica do bioma é impressionante, mas seu equilíbrio é extremamente sensível à ação humana, como desmatamento e mineração.

Mata Atlântica

Localizada ao longo da faixa litorânea, a Mata Atlântica ocupa 13% do território brasileiro e é um dos biomas mais ameaçados. Mais da metade da população do país vive em áreas originalmente cobertas por essa floresta, e apenas 27% da vegetação original permanece preservada. 

Apesar da pressão urbana e agrícola, o bioma mantém uma fauna diversa, incluindo espécies de aves, anfíbios e mamíferos que dependem de fragmentos florestais para sobreviver.

Cerrado

O Cerrado, que ocupa aproximadamente 24% do Brasil, é a savana mais biodiversa do mundo. Sua vegetação é composta por árvores baixas, arbustos e gramíneas, e abriga uma variedade de espécies endêmicas adaptadas às condições de solo e clima do Planalto Central. 

Além de sua rica biodiversidade, o Cerrado é fundamental para o abastecimento de água do Brasil, sendo responsável por ser a nascente de diversos rios que alimentam importantes bacias hidrográficas, como as do São Francisco, Tocantins e Paraná, e contribuindo diretamente para a regulação dos ciclos hidrológicos da região 

Com o crescimento da agricultura e da pecuária, principalmente a partir da década de 1960, muitas áreas foram transformadas, ameaçando espécies nativas de animais e plantas.

Caatinga

O semiárido nordestino é o território da Caatinga, que ocupa cerca de 10% do país. Apesar de ser o bioma mais resiliente do Brasil, adaptado ao clima árido, a Caatinga também sente os efeitos devastadores da destruição ambiental. O desmatamento, as queimadas e a expansão da agropecuária têm alterado drasticamente o habitat, colocando muitas das suas espécies endêmicas em risco. A grande diversidade biológica do bioma, embora adaptada à seca, está cada vez mais vulnerável à perda de seus recursos naturais essenciais.

Pampa

O Pampa, localizado no sul do Brasil, cobre cerca de 2% do território nacional e é caracterizado por campos abertos e clima subtropical úmido. Diferente de outros biomas brasileiros de formação florestal, o Pampa possui uma vegetação predominante de gramíneas e uma fauna diversificada, incluindo aves, mamíferos e répteis adaptados a áreas abertas. No entanto, por não ser um bioma florestal, o Pampa recebe menos atenção e proteção, o que o torna ainda mais vulnerável. A atividade agrícola e a pecuária têm modificado significativamente a cobertura vegetal, ameaçando o equilíbrio natural do bioma.

Recentemente, um Projeto de Lei (PL) que está em tramitação no Congresso ameaça retirar a proteção dos campos nativos. O PL 364/2019, recentemente aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, visa flexibilizar a proteção dos campos nativos em todos os biomas brasileiros, permitindo sua conversão para expansão agrícola.

Pantanal

Também ocupando 2% do território, o Pantanal é a maior planície alagável contínua do planeta. Esse bioma é altamente produtivo e abriga uma grande diversidade de espécies aquáticas e terrestres, como jacarés, capivaras, tuiuiús e peixes migratórios. 

Apesar de ser relativamente preservado, atividades econômicas como pecuária e turismo exigem manejo sustentável para proteger a fauna e os ecossistemas aquáticos.

A diversidade que sustenta os ecossistemas brasileiros

A fauna brasileira é rica, variada e essencial para o equilíbrio da vida nos diferentes biomas do país. Da majestosa onça-pintada aos discretos sapos, do tatu-canastra às abelhas nativas, a biodiversidade brasileira é única no mundo.

Exemplos de animais da fauna brasileira

  • Onça-pintada: maior felino das Américas, a onça-pintada é um predador de topo que regula populações de presas e mantém o equilíbrio das florestas e cerrados. Apesar de sua força e agilidade, a espécie está ameaçada pelo desmatamento e conflitos com a atividade humana.
  • Sucuri: esta enorme cobra aquática, típica da Amazônia, controla populações de peixes e anfíbios nos rios e áreas alagadas. Sua presença é vital para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.
  • Peixe-boi-da-Amazônia: mamífero aquático herbívoro, é essencial  na manutenção das plantas aquáticas e da qualidade da água em rios e lagos amazônicos.
  • Ariranha: predadora de peixes e pequenos animais aquáticos, contribui para o controle populacional e a saúde dos ecossistemas de água doce, incluindo Pantanal e Amazônia.

Nem só os animais grandes e chamativos sustentam os ecossistemas. Espécies pequenas, muitas vezes ignoradas, como abelhas nativas, são insubstituíveis: são polinizadoras de plantas silvestres e agrícolas, garantindo reprodução de espécies vegetais e segurança alimentar.

 O sapo-cururu, por exemplo, ajuda a controlar populações de insetos, evitando desequilíbrios que poderiam se refletir em outros níveis da cadeia alimentar. O tatu-canastra, maior tatu do mundo, contribui para a aeração do solo e dispersão de sementes, processos essenciais para a regeneração florestal.

Espécies endêmicas e em risco

O Brasil abriga espécies que não existem em nenhum outro lugar, como o mico-leão-dourado, restrito a fragmentos da Mata Atlântica, e a arara-azul-de-lear, presente apenas em regiões específicas da Caatinga. 

Essas espécies, muitas vezes com populações pequenas e altamente vulneráveis, são indicadores da saúde dos ecossistemas e da necessidade urgente de conservação.

Cada animal, do mais discreto ao mais emblemático, contribui para a complexa rede de relações que mantém os ecossistemas vivos. Proteger a fauna brasileira além de ser uma questão de preservação de espécies, ajuda a garantir que rios continuem limpos, solos férteis, plantas polinizadas e florestas regeneradas, assegurando a sobrevivência de todas as formas de vida, incluindo a humana.

A cadeia alimentar e as funções essenciais da fauna

A vida nos ecossistemas depende de uma rede de relações entre plantas, animais e microrganismos, a chamada cadeia alimentar. Esse conceito fundamental da ecologia mostra como a energia e os nutrientes circulam entre os organismos, garantindo que cada nível da natureza cumpra seu papel.

No início dessa cadeia estão os produtores, como plantas, algas e alguns microrganismos. Eles captam a energia do sol por meio da fotossíntese e transformam compostos inorgânicos em matéria orgânica, criando alimento para os consumidores primários, os herbívoros, que se alimentam dessas plantas.

 A energia segue então para os consumidores secundários, carnívoros ou onívoros que predam herbívoros, e para os consumidores terciários, que ocupam o topo da cadeia. Por fim, decompositores, fungos, bactérias e outros microrganismos, reciclam a matéria orgânica de organismos mortos, devolvendo nutrientes essenciais ao solo e reiniciando o ciclo.

Essa dinâmica de alimentação não é apenas uma sequência linear. Na prática, as espécies interagem de formas complexas, formando teias alimentares. Um mesmo animal pode atuar em diferentes níveis tróficos, como alguns onívoros que se alimentam tanto de plantas quanto de pequenos animais. Esse entrelaçamento garante resiliência aos ecossistemas e mantém o equilíbrio entre espécies de diferentes tamanhos e funções.

A fauna brasileira exemplifica essa interdependência. Predadores de topo, como a onça-pintada, controlam populações de herbívoros, como capivaras e veados, evitando que plantas sejam consumidas em excesso e permitindo que novas árvores e arbustos cresçam. 

Animais dispersores de sementes, como antas e tamanduás, transportam sementes para locais distantes, facilitando a regeneração das florestas e o armazenamento de carbono nos troncos das árvores. 

Polinizadores, incluindo abelhas nativas, beija-flores e morcegos, garantem a reprodução das plantas, mantendo a diversidade vegetal e, por consequência, a sobrevivência de várias espécies que dependem delas.

A retirada de apenas uma espécie pode gerar efeitos em cascata: a extinção de um predador de topo pode levar à superpopulação de herbívoros, alterando a vegetação e impactando outras espécies dependentes daquele habitat. 

Isso demonstra que proteger a fauna não é apenas preservar os animais individualmente, mas garantir a saúde de todo o ecossistema, incluindo os serviços essenciais que sustentam a vida humana.

Reconhecer a importância da cadeia alimentar nos mostra que conservar animais e florestas é uma ação interdependente. Projetos de recuperação ambiental e políticas públicas voltadas à biodiversidade precisam considerar essas relações complexas, garantindo que cada espécie, do maior predador ao menor inseto, continue desempenhando seu papel na manutenção da vida.

Polinização: o trabalho silencioso que sustenta a vida

A polinização é um processo essencial para a reprodução das plantas e, consequentemente, para a manutenção de toda a vida nos ecossistemas. 

Ela consiste na transferência do pólen — os gametas masculinos das flores — das anteras para o estigma, permitindo a fecundação e a produção de sementes e frutos. Sem esse processo, muitas plantas, incluindo aquelas que fornecem alimentos para humanos e animais, simplesmente não existiriam.

Embora as abelhas sejam os polinizadores mais conhecidos, a natureza conta com uma variedade de agentes que cumprem esse papel. Insetos como borboletas, moscas, vespas, besouros e até formigas transportam pólen de flor em flor, garantindo a reprodução vegetal. 

Entre os vertebrados, aves como beija-flores, sanhaços e periquitos também polinizam flores, enquanto mamíferos como morcegos contribuem para a fertilização de centenas de espécies tropicais, especialmente à noite, quando outros polinizadores estão ausentes.

Os polinizadores são atraídos pelas cores vibrantes, pelo cheiro e pelo néctar das flores. Cada espécie interage de forma específica com determinadas plantas, formando uma rede complexa de relações que sustenta a diversidade vegetal e garante a produção de frutos, sementes e alimentos para diversos outros organismos.

 Esse serviço ecológico é chamado de zoopolinização, e estudos indicam que cerca de 90% das plantas silvestres dependem de polinizadores para se reproduzir.

Além dos animais, a polinização pode ocorrer de forma abiótica, sem a participação direta de seres vivos. O vento (anemofilia) e a água (hidrofilia) também podem transportar pólen entre flores, mas a polinização animal é muito mais eficiente, especialmente em ecossistemas tropicais ricos em biodiversidade, como a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica.

A perda de abelhas, morcegos ou aves polinizadoras reduz a produção de sementes e frutos, compromete a regeneração das florestas e afeta diretamente a alimentação humana e animal.

 Na agricultura, estima-se que a polinização natural seja responsável por até 8% da produção mundial de alimentos, garantindo alimentos básicos, biocombustíveis, fibras e matérias-primas para medicamentos.

A proteção dos polinizadores é, portanto, uma questão de sobrevivência ecológica e econômica. Para isso, é fundamental:

  • Reduzir o uso de pesticidas e promover a agricultura sustentável;
  • Preservar e restaurar habitats naturais;
  • Incentivar a diversidade de cultivos e evitar monoculturas extensivas;
  • Garantir políticas públicas de proteção e manejo de espécies polinizadoras, como abelhas nativas e morcegos.

Controle de pragas: aliados silenciosos da natureza

Nem todos os aliados da produção de alimentos e da manutenção do equilíbrio ambiental são grandes ou chamativos. 

Animais muitas vezes vistos como comuns, ou até indesejados, são essenciais no controle de pragas e na saúde dos ecossistemas.

Sapo-cururu

O sapo-cururu é um exemplo clássico de predador generalista. Alimentando-se de insetos, aranhas, escorpiões, lagartos, pequenos roedores e até filhotes de serpentes peçonhentas, ele ajuda a reduzir a presença de pragas em áreas urbanas e agrícolas. 

Embora seja muitas vezes incompreendido e perseguido, sua presença contribui para a diminuição da necessidade de pesticidas, promovendo práticas mais sustentáveis. 

Além disso, o sapo-cururu funciona como bioindicador ambiental, pois mudanças em sua população ou comportamento podem sinalizar alterações no ecossistema.

Morcegos e aves insetívoras

Morcegos que se alimentam de insetos são como “caçadores noturnos”, consumindo, em uma única noite, mais da metade de seu peso em pragas agrícolas, como mosquitos e gafanhotos. 

Aves como corujas, mochos e sanhaços complementam esse serviço durante o dia, controlando populações de insetos e pequenos vertebrados, mantendo o equilíbrio natural das hortas, plantações e áreas urbanas.

Serpentes

Cobras como as serpentes-rateiras atuam como reguladoras de roedores, prevenindo a superpopulação de ratos e ratazanas, que se reproduzem rapidamente e podem transmitir doenças e danificar plantações. 

A ação desses predadores é essencial para manter o controle biológico sem depender exclusivamente de produtos químicos.

Insetos e outros aliados do solo

Pequenos animais também têm suas funções. Joaninhas, por exemplo, devoram centenas de pulgões por dia, enquanto aranhas capturam uma grande quantidade de insetos prejudiciais em plantações. 

Minhocas ajudam a arejar o solo, facilitando a absorção de água e nutrientes, e colaboram com a produção de húmus, essencial para a fertilidade natural do solo. Libélulas, escaravelhos e percevejos predadores completam esse “exército natural”, mantendo pragas sob controle e protegendo a produtividade agrícola.

Benefícios da fauna no controle natural de pragas

O controle biológico oferecido por esses animais reduz a necessidade de pesticidas, protege a saúde humana e preserva os ecossistemas. Cada espécie contribui para um equilíbrio delicado, evitando que pragas se proliferem de forma descontrolada e assegurando a regeneração natural das plantas e o funcionamento das cadeias alimentares.

Em resumo, cada animal, do menor inseto ao maior predador, é um guardião da vida e da dignidade humana. Garantir sua conservação é garantir que a terra continue fértil, a água continue limpa e que todas as pessoas, especialmente aquelas mais vulneráveis, possam ter acesso a alimentos, recursos naturais e um futuro digno. 

Sem fauna, não há agricultura, segurança alimentar nem justiça climática.

Extinção gerando efeitos reais em cadeia

A extinção de uma espécie é frequentemente vista como uma perda simbólica ou lamentável, mas, na realidade, seus efeitos vão muito além disso, afetando diretamente o equilíbrio de ecossistemas inteiros. 

O planeta já passou por várias extinções naturais ao longo de sua história de 4,5 bilhões de anos, mas o que diferencia a extinção atual é a velocidade com que ela ocorre, impulsionada pelas ações humanas

A caça e a pesca predatória, a destruição de habitats naturais, a poluição e as mudanças climáticas são os principais fatores que têm intensificado essa perda irreparável de biodiversidade.

A destruição de habitats naturais, causada pela expansão da urbanização e pela agropecuária predatória, é uma das principais responsáveis.

Quando destruímos florestas, savanas e outros ecossistemas, estamos não apenas eliminando o lar de inúmeras espécies, mas também comprometendo serviços ecológicos vitais, como a regulação do clima, o ciclo da água e a qualidade do solo. 

Além disso, o desmatamento e as queimadas associadas a essas atividades aumentam os gases de efeito estufa, agravando as mudanças climáticas que, por sua vez, afetam a sobrevivência de várias espécies.

A caça e a pesca ilegais e predatórias também contribuem para a extinção de diversas espécies. No Brasil, a população de tubarões e arraias, por exemplo, diminuiu drasticamente, cerca de 70% desde 1970, em grande parte devido à pesca ilegal nas águas brasileiras. 

Muitos desses animais são capturados, suas barbatanas retiradas e o corpo jogado de volta ao mar. Isso não só resulta na perda irreversível de biodiversidade marinha, como também desequilibra ecossistemas aquáticos inteiros, afetando espécies que dependem desses predadores para se manter no topo da cadeia alimentar.

Quando uma espécie desaparece, não é apenas ela que se perde. Sua ausência gera um efeito dominó, afetando outras espécies que dependem dela para sobreviver, seja como fonte de alimento, polinizador ou predador.

O impacto direto e indireto da mineração sobre a fauna

A mineração também tem gerado impactos ambientais, especialmente sobre a fauna e a biodiversidade dos ecossistemas afetados. Os impactos não se limitam à destruição imediata dos habitats, mas geram efeitos indiretos que se projeta por gerações, colocando em risco diversas espécies.

O desmatamento causado pela mineração destrói habitats e destrói florestas tropicais e savanas, resultando na falta de alimento e refúgio para diversas espécies, o que leva à redução drástica das populações animais.

A contaminação dos rios e solos pelos rejeitos de mineração, que incluem metais pesados como cádmio, arsênio e chumbo, afeta os ecossistemas aquáticos e terrestres. 

A contaminação prejudica a saúde de animais aquáticos e aumenta o risco de bioacumulação de toxinas na cadeia alimentar, afetando até os predadores topo de cadeia.

As atividades sísmicas e o ruído das minas prejudicam a fauna sensível ao som, como mamíferos e aves, perturbando seu comportamento e processos migratórios. A fragmentação do habitat isola populações de animais e limita suas chances de sobrevivência.

O desastre de Brumadinho, por exemplo, prejudicou a fauna local e os ecossistemas do Rio Paraopeba, em Minas Gerais. O rompimento da barragem da mineradora Vale liberou toneladas de rejeitos que contaminaram a água e o solo da região. 

A área afetada, rica em biodiversidade, abrigava espécies como a onça-parda e o lobo-guará, que perderam tanto o habitat quanto as fontes de alimento.

As populações de peixes e outros animais aquáticos diminuíram drasticamente devido à contaminação da água com metais pesados e outros poluentes.

O que pode ser feito agora

Garantir a preservação da fauna e dos ecossistemas brasileiros depende de ações imediatas e coordenadas, que envolvam tanto o poder público quanto cada cidadão. 

A conservação é uma questão de justiça social e segurança alimentar, já que a saúde das florestas e campos está diretamente ligada à vida das populações humanas.

O fortalecimento de leis e políticas de conservação é essencial para proteger espécies ameaçadas e habitats estratégicos. 

Isso inclui o licenciamento ambiental rigoroso, a criação de áreas protegidas e a manutenção de reservas legais. Políticas eficazes garantem que atividades econômicas, como mineração, não sejam promovidas, nem prejudiquem o meio ambiente.

Também é fundamental acompanhar e se posicionar contra projetos de lei que enfraquecem o licenciamento ambiental ou flexibilizam normas de proteção de ecossistemas, como o recente caso do “PL da Devastação”.

 Participar de consultas públicas, apoiar iniciativas de transparência e cobrar a fiscalização efetiva das autoridades ajuda a reduzir os impactos de políticas que colocam em risco a fauna e a flora.

Ações individuais que fazem diferença

Cada pessoa pode contribuir para a conservação do meio ambiente por meio de atitudes cotidianas:

  • Reduzir o consumo de carne: diminui a pressão sobre áreas de pastagem e desmatamento.
  • Apoiar a agricultura familiar e sustentável: incentiva práticas que respeitam os ecossistemas e promovem alimentos saudáveis.
  • Evitar o uso de agrotóxicos: protege polinizadores e outros animais que regulam a natureza.
  • Participar de redes, ONGs e projetos ambientais: amplifica esforços de conservação, restauração de habitats e promove a educação ambiental.

Biodiversidade em nossas mãos

A fauna brasileira é um patrimônio natural e um elo vital que conecta os ecossistemas à vida humana, garantindo recursos essenciais como água, alimentos e equilíbrio climático. 

A defesa da biodiversidade não é uma responsabilidade isolada: trata-se de uma causa urgente e coletiva, que exige esforços coordenados de governos, instituições, comunidades e indivíduos.

Cada ação, por menor que pareça, contribui para a preservação de espécies, a manutenção de cadeias alimentares e a resiliência dos habitats naturais. Cabe a cada um de nós plantar sementes de mudança

Seja apoiando políticas de conservação, participando de projetos de restauração ambiental ou adotando práticas sustentáveis no dia a dia, todos podemos fazer parte de um movimento que garante o futuro da fauna, da flora e do planeta. O momento de agir é agora, e cada gesto favorece a construção de um Brasil mais justo e sustentável.