Na primeira semana de junho, o Encontro da Rede de Conexão Povos da Floresta uniu representantes de comunidades tradicionais da Amazônia, instituições privadas, organizações da sociedade civil e órgãos governamentais em Alter do Chão, no Pará. O evento chamou a atenção para a iniciativa de conectar em rede, por meio de internet banda larga, mais de 5 mil comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhas em territórios protegidos da Amazônia Legal.

“Esses povos possuem larga tradição na preservação do meio ambiente. A floresta é um ser vivo, que dá a eles abrigo e sustento. Nós, de outras regiões do país, dependemos dessa relação para que a floresta permaneça em pé. Com a internet, é possível monitorar e denunciar se os territórios estiverem em risco”, conta a presidente do ICLT, Helena Taliberti, que esteve presente no encontro.

As atividades envolveram dinâmica em rede, apresentação geral sobre o projeto Conexão Povos da Floresta, sessão de depoimentos de beneficiários da rede, imersão em três localidades atendidas pelo projeto – Centro de Empoderamento Digital Paulo Lima, na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns, comunidade quilombola Murumuru e a aldeia indígena Vista Alegre – e plenária “Conexão Povos da Floresta: Oportunidades e desafios para garantir dignidade, segurança, saúde e prosperidade numa Amazônia integralmente conectada”.

Foto: Divulgação

 

Sobre o projeto

O projeto Conexão Povos da Floresta tem o objetivo de conectar à internet de alta velocidade mais de 1 milhão de pessoas que vivem em 5 mil comunidades da Amazônia até 2025. Para isso, ele oferece às comunidades kits de internet, ferramentas de gestão comunitária e programas de inclusão e empoderamento digital. Inclusive, as comunidades que não possuem energia elétrica conseguem usar a solar como alternativa para manter tudo em pleno funcionamento.

A Internet é uma ferramenta fundamental para a educação, a preservação da cultura, o acesso a serviços de saúde, o empreendedorismo e, principalmente, a proteção dos ecossistemas, permitindo que as comunidades monitorem seus territórios e denunciem atividades ilegais.

“O acesso à Internet empodera as comunidades, além de promover o relacionamento e a troca de saberes entre elas, o que as fortalece no enfrentamento dos muitos desafios com os quais se deparam”, conta Helena.

A Amazônia é uma parte vital do sistema climático global e proteger suas florestas é essencial para mitigar as mudanças climáticas. As comunidades indígenas e tradicionais possuem um profundo conhecimento da floresta tropical e são essenciais para sua preservação. 

Hoje, essas comunidades enfrentam diversos desafios, como desmatamento, garimpo ilegal e grilagem de terras, que levaram ao aumento da violência e das violações dos direitos humanos. Para se ter uma ideia, na última década, o garimpo ilegal em Terras Indígenas aumentou 10 vezes e os alertas de desmatamento em 2020 sobre Terras Indígenas representaram 7% da área total desmatada na Amazônia*.

Além de garantir a implementação dos equipamentos necessários para o acesso à internet banda larga em cada comunidade e de implantar um sistema de gestão e controle da rede Conexão Povos da Floresta, o projeto oferece programas e ações nas áreas de saúde, educação, empreendedorismo, proteção territorial e cultura para as comunidades.

O projeto é liderado pela Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas (CONAQ), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e o Conselho Nacional dos Seringueiros Extrativistas (CNS) e apoiado por uma rede de organizações, entre elas o Instituto Camila e Luiz Taliberti

 

Siga o instagram do projeto para saber mais sobre a iniciativa.

 

* Fonte: https://conexaopovosdafloresta.org/amazonia-vive/